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Um amor para vida inteira


Nesta última vez que fui a Minas, na casa dos meus pais, fiz questão de trazer uma caneca. Era um presente que ganhei de uma grande amiga, durante um amigo oculto, na faculdade.

Numa conversa em grupo o que cada um falava o que queria ganhar, eu soltei, meio brincando, que queria ganhar um amor pra vida inteira. E pronto. Na verdade, eu não fazia ideia o que pedir de presente e ganhar uma surpresa, mesmo na cilada que os amigos ocultos proporcionam, me pareceu mais interessante naquele momento.

No dia da festinha de fim de ano da turma, recebi meu presente: uma caneca, com a frase “um amor para vida inteira” e ao lado a foto de Babi, minha cachorrinha que viveu ao meu lado, grudada real, durante 13 anos.

Naquela época do amigo oculto, Babi já tinha morrido, há quase 1 ano. Mas ela continuava presente nas minhas conversas, nas minhas histórias, numa foto 3x4 do meu chaveiro, na foto de capa do meu computador e do meu celular.

Uma vez, em um date/encontro, o crush perguntou quem era a cachorrinha da foto que eu levava ao celular, eu respondi:

- Babi, mas ela já tá morta.

O crush olhou assustado, ficou sem reação, deu uma risadinha nervosa e soltou:

- ah sim! Que fofo!

Parecia estranho eu ter uma foto de uma cachorra morta como principal imagem do meu telefone. Mas quem me conhece sabe, que Babi ainda vive, dentro de mim, bem forte.

Babi merecia um livro, um filme, uma estátua. Os meus amigos falam que ela era chata d+, que não podiam chegar perto de mim, que ela latia e atacava. O que uns chamam de chatice, eu chamo de proteção.

Babi não era nem pra ser minha. Ela ia ser doada, mas acabou que quebrou a perninha e junto quebrou a regra que tinha lá em casa que cachorro só podia ficar da porta pra fora.

Com a perninha engessada, ela ficava ali no sofá comigo assistindo Disney Cruj, Chiquititas e as novelas mexicanas. Ela me via brincando de apresentador de TV, dançando É O TCHAN ou cantando Sandy & Jr.

Ela me viu crescer. O meu diário era contar tudo pra ela. Quantas vezes chorei ao lado dela, quantas viagens fizemos pra praia e tínhamos que tomar cuidado pq ela sentia enjoos na estrada, quantas vezes andei de patinete com ela e tomei vários tombos, quantas vezes dormimos juntos, quantas vezes ela latia demais de um jeito estridente e eu berrava “Babi, cala a boca”. No meu primeiro porre, ela dormiu ao meu lado a noite inteira.

De tanto a gente gritar BABI e ela latir, a maritaca lá de casa aprendeu apenas a falar BABI e, claro, a latir. Que ironia!

Por maior que seja a dor da despedida, ela nunca será maior que toda alegria que Babi me proporcionou.

1 dia antes dela morrer, eu tive que viajar pra apresentar um trabalho da faculdade. Naquele momento, eu sabia que era a nossa despedida. Dei um beijo, a apertei com cuidado pois ela estava debilidade e disse:

- Eu te amo! Você é a melhor cachorra do mundo e estaremos sempre juntos.

Viajei chorando.

Mas voltando ao início do textão: Trouxe pra SP a caneca que ganhei de presente e junto a coleira que ela usou nos últimos meses de vida. É uma forma de materializar tudo que vivemos e lembrar que qualquer lugar que ela esteja agora, ela virou meu anjo de guarda.

E a frase que minha amiga colocou na caneca “um amor pra vida inteira” não é em vão.

Nada é em vão. Eu já tive um amor pra vida inteira.

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