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Viva Seu João & Esposa

Entrei na sala 5 do cinema. O filme em cartaz era Hebe - A estrela do Brasil.

Logo de cara já reparei que eu era o mais novo do ambiente, mas já esperava por isso.

Quando fui ver o musical sobre a vida da Hebe, em 2017, o que mais se via eram grupos da terceira idade com animadas, simpáticas e belas senhoras. E eu ali no meio.

Então, ir ao cinema para assistir o longa que narra a história da apresentadora mais gracinha desse país não iria ser diferente.

Eu, no cinema, com muitos idosos e idosas e o mesmo objetivo de entretenimento.

De repente, antes do início do filme, entrou na sala um senhor bem arrumado com uma boina e cachecol, que claramente tentava encontrar alguém pelas cadeiras.

Vamos dar o nome dele de Seu João. João porque é um nome que serve tanto para gente nova e velha e “Seu”, sei lá porque, mas segui essa mania de sempre chamar um idoso legalzinho com o “seu” mais o nome, tipo Seu Antonio, Seu Manoel, Seu Francisco.

Seu João ia para um lado e para outro em busca de algo ou alguém, até que decidiu gritar:

- Soraya, cadê você, Soraya. Soraya. Estou tentando achar a minha esposa.

Uma senhora que estava mais próxima tentou ajudar e o pediu para olhar o número da cadeira no ingresso.

Seu João pegou o papel, tentou enxergar, não conseguiu e entregou para a senhora:

- Olha aí, não estou conseguindo enxergar.

A senhora pegou o ingresso, não conseguiu enxergar e pediu ajuda para uma moça ao lado, que identificou o número da poltrona e apontou a direção correta.

Seu João foi até a poltrona indicada e nada da sua esposa.

Gritou, mais uma vez, por Soraya. Em seguida, decidiu procurar do lado de fora.

Enquanto isso, as 1001 propagandas passavam, os trailers rodavam e eu fiquei meio reflexivo ao ver o trailer do Rambo e como a gente ama viver do passado.

E, para surpresa de todos, Seu João volta, de braços dados com uma senhora loira, que se apoiava numa bengala na outra mão, e grita:

- EU ACHEI A MINHA ESPOSA!

Todo mundo aplaude e comemora.

O filme começa, Seu João e sua esposa, um outro casal simpático, que aparentava uns 70 anos sentaram-se ao meu lado, e eu acompanhamos a mesma história de vida de uma apresentadora que gritou contra ditadura, que defendeu minorias ao usar sua voz & poder, que era feminista antes disso virar militância e que apenas com um sorriso prendia telespectadoras e telespectadores.

E mais do que isso. Uma sala de cinema lotada para assistir um filme nacional, com gente talentosa da nossa terra produzindo produto de qualidade e alto nível.

Viva Hebe, Viva o cinema nacional Viva Seu João & Esposa!

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