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VHS


Sonhos.

Eu encontrei uma gravação antiga minha, em VHS, que eu brincava de ser apresentador aos 10 anos de idade.

Por sinal, ser apresentador era minha brincadeira favorita. O estojo de lata virava microfone e qualquer livro mais fino da minha mãe era uma ficha de apresentação. Ali, no mundo da imaginação, eu interagia com a plateia - meus cachorros - e chamava É o Tcham e os Mamonas Assassinas ao palco.

Eu queria ser apresentador de auditório.

Depois, de reality show.

Já quis ser ator de Chiquititas (da primeira versão) e dançarino de banda de axé para ser o melhor amigo da Carla Perez.

Ser cantor já esteve nos meus planos também. Inclusive, fiz aulas de canto com minha amiga.

Três aulas de canto, destaco, pois, na última aula, tive um ataque de riso com a cantoria e ali percebi que eu não tinha dom. Nem ela. Rimos.

Quis ser jornalista, então.

Não o William Bonner. Acho bancada de telejornal um tédio.

Eu quis ser repórter de rua,

de guerra,

de tragédia,

de nadar com tubarões,

de brigar com o político, mas pensei melhor e preferi a Xuxa.

Não ser a Xuxa. Entrevistar a Xuxa, a Ivete e também a Panicat. Fazer fofoca. Ser repórter de celebridades.

Mas repórter de famosos & TV não é valorizado - pelos outros, pois a primeira coisa que faço de manhã, todos os dias, é ler a coluna do

Flavio Ricco

sobre televisão. Alienar é preciso, dizem... e eu concordo.

Escolhi o jornalismo, mas, 48 horas antes de fazer a inscrição do vestibular, quis ser historiador. Afinal, História era a minha matéria favorita e a única que eu conseguia tirar nota 10. Porém, 24 horas antes de querer ser historiador, eu quis ser médico-veterinário para salvar os bichos. Acho fofo e necessário. Por sinal, passei em medicina veterinária em uma universidade. No final, optei pelo jornalismo.

No jornalismo, eu quis salvar o mundo. A síndrome do super man que todo estudante de jornalismo tem.

Eu quis ser poeta.

Mas poeta nível Pedro Bial pra eliminar pessoas em um reality show de gosto duvidoso - e vamos de Thelma Campeã ou pode ser o Babu também.

Quis ser jornalista da revista Super Interessante. Amava.

Escrever grandes reportagens e matérias mais profundas.

O segmento de revista faliu.

Decretou o fim da editora Abril.

E meu sonho ruiu.

Me restou escrever textão.

E ter novos sonhos, então.

Ter uma ONG de proteção animal, ser ex-bbb, ganhar na mega sena, escrever uma canção, entrar na lista dos autores mais lidos do Brasil, ganhar um Oscar, ser best friend da Beyonce, frequentar a casa do Caetano Veloso, beber com Marília Mendonça, beijar o Chay Suede e a Rafa Kallimann (não ao mesmo tempo), ter uma casa na praia, meus pais serem eternos, meus sobrinhos continuarem crianças eternamente, sobreviver a essa quarentena sem enlouquecer e a paz mundial.

Ufa.

Sonhos.

Como é bom sonhar.

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