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Carta aberta ao Bolsonaro


Primeiro, queria falar que tenho medo de você.

Muito mesmo.

Toda vez que vejo algum vídeo seu gritando com jornalistas, meu coração acelera.

Eu tremo.

Cada reação sua, quando não é feito algo a sua vontade, me assusta.

A nossa relação não é de hoje.

Te conheço há muito tempo: há 10 anos.

Quando você era um deputado que ia a programas populares da tv aberta para discutir pautas como:

“Gay pode doar sangue?”

“Gay pode adotar?”

“Homofobia tem que virar crime?”.

Suas opiniões todas eram do nível “gay não é nem gente”.

Nunca entendi essa sua obsessão por essa causa.

Compreendia o porque esses programas te chamavam. Afinal, você era um personagem surreal, polêmico, dava audiência, promovia baixaria e discussões e vale tudo na televisão. Um político que fala declarações absurdas era a cereja do bolo do entretenimento.

Ninguém te levava a sério, eu pensava.

Não tinha como te levar a sério.

Não era para ninguém te levar a sério.

Até que um dia, eu lembro muito bem esse dia, após mais uma participação sua em uma atração de TV que você fez, mais uma vez, entre outras tantas, uma declaração racista e homofóbica, um conhecido meu soltou: “até que ele tem razão em algumas coisas”.

Lembro muito bem desse dia,

da expressão facial da pessoa,

do local onde eu estava

e da minha reação:

O silêncio.

O silêncio que se

eternizou em memória,

em raiva,

em mágoa.

“Até que ele tem razão em algumas coisas”.

Coisas do tipo que você disse "Ter filho gay é falta de porrada e prefiro ter um filho morto em acidente do que viado”.

Graças a Deus sou filho do Tião, que no seu lugar na Presidência, estaria fazendo um trabalho muito melhor e com o coração.

Será que você tem coração?

Você conquistou razão em algumas coisas e muitas pessoas te levaram a sério.

Tão a sério que virou Presidente.

Do meu país.

Do seu país.

Do nosso país.

E falar, em pleno 2020, com tanta gente morrendo, ainda de homofobia com você é disco arranhado,

é egoísmo dentro da minha bolha privilegiada,

Apesar de doer muito em ver amigos e familiares que votaram em você

porque todo mundo sabe que você é homofóbico.

É.

E pronto!

Mas quando a gente alertava

a sua homofobia,

o seu racismo,

o seu machismo

e a sua total incompetência para assumir um cargo tão grande, afinal, como deputado, durante 28 anos, você não fez merda nenhuma, a gente não imaginava que o buraco era tão baixo.

E tão fundo.

Tão grande.

Tão triste.

E não é questão de eleitor perdedor.

A gente tinha opções melhores que você:

Tinha Ciro, Boulos, Alckmin, Meirelles, Amoedo, Marina, Haddad.

Qualquer um deles, tenho a certeza mais que absoluta, apesar das diferenças ideológicas que eu tenho com cada um deles, iria levar a pandemia a sério e não como um brinquedinho de poder com tanta falta de sensibilidade.

Te falta, além de sensibilidade,

inteligência,

competência,

empatia,

gestão,

discernimento,

honestidade,

boa comunicação,

conhecimento.

A lista é grande!

Porque não basta você ser um ignorante, te falta algo muito maior:

Humanidade.

Um

pingo

de

humanidade.

A sua frieza é doentia.

Como um presidente me solta um ‘e daí?’ ao ser questionado sobre os números de mortes pela COVID-19?

Como?

Como um Presidente insiste numa história que sabe qual é o remédio para cura da COVID-19, logo um cara tão burro igual a você?

Como?

O Brasil é o quarto país com mais casos registrados pela pandemia, até a data de hoje.

Mas não vou falar aqui de

ciência,

estatísticas,

fatos comprovados,

conhecimento,

relatar as histórias atrás dos números de mais de 15 mil mortes,

mostrar as recomendações de médicos e de outros países,

pois isso não te interessa

e seu cérebro não é capaz de captar tanta informação.

Bolsonaro,

Ainda tenho muito medo de você, mas só te falo uma coisa:

as nossas diferenças me fazem mais humano.

Pra mim, é uma honra saber o tanto que a gente pensa diferente e que nunca, nunca mesmo, estaremos do mesmo lado.

Te falta humanidade.

HUMANIDADE!

Sabe o que é isso?

Atenciosamente.

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