O menino do carro
- Ramon Cotta
- 12 de jul. de 2016
- 1 min de leitura

Eu no ônibus.
Você no carro.
Eu com meus pensamentos e tentando adivinhar o que se passa na sua vida. Você com seu olhar atento e curioso sobre o que passava por trás do vidro do carro. Seu olhar para a cidade me chamava atenção. Continuei observando e reparei que ao fundo do carro tinha uma cadeira de roda, que deduzi que era sua. A sua frente, uma moça com o semblante de cansada e estressada dirigia o carro onde você estava no banco traseiro.
Você olhava com encanto para a cidade como se tudo aquilo fosse um mundo diferente no qual você faz (ou deveria fazer) parte. Seu olhar era de amor. Ela, que dirigia o carro, olhava com tédio, esgotada por esperar o sinal verde do semáforo. E eu observava o outro, os outros, o meu, os meus.
O outro é uma extensão da gente. O olhar é praticar empatia. É aprender. Seu olhar apaixonado pela vida me ensinou. Que você conquiste tudo aquilo que o seu olhar transmite e grita por querer algo. Que o vidro do carro desça, que a porta se abra. Que a cidade faça parte de nós. Que nós sejamos a cidade. Que nós sejamos o outro.

























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