Dane-se
- Ramon Cotta
- 24 de out. de 2016
- 2 min de leitura

Em 2010, quando eu passei no vestibular, uma moça que era voluntária de uma ONG junto comigo me disse: - Aproveite esse momento. A fase universitária vai ser a melhor época da sua vida.
Dito e feito.
Neste final de semana, eu já formado, ao ver vários universitários num shopping, me bateu uma baita nostalgia dessa época. Fantasiados, na praça de alimentação, eles batiam papo e dane-se se estavam com uma orelha do Mickey, com uma coroa de princesa, com um colar de havaiano ou com uma capa do super man em um local público.
E é esse "dane-se" que a gente perde na vida quando vira adulto.
A gente se preocupa em vestir a carapuça de ser uma pessoa séria e com modos e acaba que não se permite ser um universitário, em que a construção da vida é feita com coleção de erros, histórias loucas, de riscos que cometemos, mas que no final deram certos (e se não deram, aprendemos) e irresponsabilidades sadias. Tudo isso vivido de mente aberta para conhecer o mundo e acima de tudo se dando chances sempre para se conhecer e se descobrir. E ao fundo, a trilha sonora do "dane-se" tocando bem alto.
Deu saudade da época que eu conseguia conciliar todas as minhas responsabilidades de estágio + faculdade com os momentos de diversão em que um miojo na hora do almoço não me fazia ficar mal humorado ou uma saída no meio da semana para beber uma catuaba na praça não me fazia sentir culpado.
Hoje, nos dizem que não temos mais idade.
As responsabilidades ficaram maiores que a gente.
As nossas obrigações nos aprisionam.
É preciso dar replay naquela trilha sonora que nos conduzia na vida universitária, em que tudo vira festa (ou um rock, como dizem em Ouro Preto).
Às vezes, se permitir viver de um jeito mais leve e soltar em bom som um "dane-se" é necessário.
Sentir menos culpa é essencial.
E resgatar no nosso interior o jovem-universitário-sonhador que nós éramos é se dar chances e recomeços sempre.

























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