Eu odeio você
Nós carregamos o discurso que o bacana mesmo é andar com as pessoas diferentes. O problema que para colocar isso em prática é preciso de muita paciência e persistência.
Aquela pessoa que só se preocupa com saúde e dieta irrita quando o que você mais quer é comer um Mc Donalds no almoço e uma pizza lotada de catchup no jantar.
Da mesma forma, é complexo lidar quando o seu programa ideal de final de semana é ir ao cinema quando o seu melhor amigo quer mesmo encher a cara num open bar.
E é bem complicado também saber que o seu parente ama as ideias do Bolsonaro.
A gente carrega o discurso das diferenças, do respeito, em conviver com quem pensa diferente, mas é bem difícil na prática. É um exercício diário que precisa de muita boa vontade, calma e, principalmente, muito amor.
Na adolescência, costumávamos andar com a nossa tribo que pensava igual e tinha gostos parecidos. Aí nós vamos crescendo e de acordo com as descobertas que realizamos essas afinidades determinam quem continua ou não na nossa vida.
Eu cresci, eu mudei e infelizmente decepcionei muitas pessoas.
E é muito fácil lidar com a nossa mudança, com o nosso novo eu. O foda é lidar com a mudança de quem a gente ama. Aceitar que o amigo não está mais na mesma fase frenética que você, assim como, dar um espaço para amiga que tudo pra ela é alimentação saudável e exercícios físicos.
Quantas pessoas nós nos afastamos simplesmente por elas não estarem na mesma sintonia que nós? Muitas, garanto. Eu já quis desistir de muita gente que não pensa igual a mim. Já quis acabar com amizades, cortar laços familiares e finalizar relações.
Uma coisa que eu aprendo diariamente é que quem ama não desiste, quem ama respeita, quem ama tolera.
E quem se ama principalmente não abre mão dos seus ideais pelo outro, e sim, aprende a conviver com essas particularidades de forma pacífica.
Relacionar. Conversar. Pensar. Repensar. Tolerar. Respeitar. Praticar empatia. Amar. A pirâmide das relações só funciona quando isso tudo se encaixa.
Que nós não desistamos de nós, dos outros e de quem a gente mais ama. Diferenças existem, mas o amor é a aquela sobremesa final que compensa toda refeição anterior que não foi tão agradável.