Mudei, mudo e mudarei
- Ramon Cotta
- 9 de jan. de 2017
- 2 min de leitura

A primeira vez na vida que eu lidei com uma situação de mudança eu tinha 7 anos de idade. Eu estava formando o 3º período do maternal e ia para uma nova escola. Lembro que cheguei em casa, após a colação de grau e da festinha de formatura, e chorei. Foi um choro que eu não sabia o que era. Mas, agora, eu sei que eram medo e tristeza em ter que abandonar os amiguinhos. Chorei bastante.
Já mais crescido vivi diversas situações de mudanças. Em muitas, comemorei as novidades. Em outras, chorei oceanos por insegurança. Com o tempo, eu aprendo, porque é um aprendizado eterno, que as mudanças chegam para agregar e provocar uma evolução dentro da gente. E a vida só tem graça se o roteiro for atualizado sempre.
Recentemente, em uma visita em MG, encontrei uma das minhas melhores amigas. Além de amigos, nós fomos vizinhos por muito tempo. A gente vivia junto. Qualquer momento de tédio, em busca de um conselho ou motivo para rir eu ia para a casa dela. Ou vice versa. Até que chegou o dia que ela me contou que os pais queriam mudar para um sítio, um lugar um pouco afastado.
Na época, nós nos desesperamos. Ela em não querer abandonar a casa que passou a maior parte da vida e com medo de se afastar das pessoas. Eu com receio de perder a excelente companheira.
Nos últimos dias, fui visita-la, mais uma vez, no novo lar e, coincidentemente, fazia 1 ano que ela tinha se mudado. Relembramos o nosso medo por causa da mudança e ela revelou que está amando o novo lugar e se soubesse que seria tão bom não teria ficado tão desesperada no passado. Refletimos, juntos, como nos assustamos com as transformações que a vida nos trazem.
A gente tem esse medo patético do novo. Preferimos ser acomodados.
Mas a vida ensina.
Mudar é andar, é evoluir, é proporcionar novas chances.
É escrever um novo capítulo de um livro que continua sendo a sua história.
Mudar é ganhar sempre. Porque o que é seu, o que é de verdade, o que é amor, ficam, de uma nova forma, porém permanece.
Minha amiga mudou, mas a nossa amizade continua. De um jeito novo e com uma periodicidade bastante diferente? Sim. O que importa é que o amor sobreviveu. Não há arrependimentos. Há lembranças que reforçam a nossa sintonia diariamente. Há memórias que eternizaram.
A gente pode mudar de cidade, estado e país. A gente pode mudar de profissão, de gosto musical e de religião. Mas tem coisas/pessoas que sobrevivem as mudanças, que são os amores que fazemos durante a vida.
Nessas mudanças, renovo os laços e conheço novas almas gêmeas. E por dentro, evoluo um pouco e me descubro mais capaz.
Que eu mude sempre, mas que eu leve de alguma forma minhas paixões comigo numa mala cheia de amor. Não existe caminhada sem bagagem e conhecimento.
Têm fins que trazem começos maravilhosos.
E têm mudanças que nos transformam em mais fortes.

























Comentários