A bala e o voto
- Ramon Cotta
- 6 de ago. de 2017
- 2 min de leitura

Sabe a história do bebê atingido por bala perdida ainda no útero? Então, vamos recapitular rapidinho ó:
Cláudia, moradora da favela do Lixão, no Rio de Janeiro (RJ), e grávida de 9 meses, saiu de casa para comprar o carrinho do seu bebê. A criança iria se chamar Arthur.
Durante o passeio, uma bala atingiu o útero dela. Bala perdida que veio de um tiroteio entre polícia x traficante (Ei, legalização das drogas!!!).
Um bebê ainda no útero vítima da violência. Que simbologia foda e que puta merda.
A mulher e o bebê foram levados para um hospital público, sem UTI neonatal e ambulância, que não tinha condições de atender a mãe e o filhinho.
Arthur precisou passar por uma tomografia e adivinha? O tomógrafo não estava funcionando.
Foi preciso drenar os dois pulmões do bebê e o hospital só tinha um dreno torácico. Os médicos tiveram que improvisar e usaram um tubo que se utiliza para a traquéia, que acabou entupindo.
A ambulância chegou duas horas depois de ter sido solicitada para transferir Arthur para outro hospital que tem UTI neonatal.
Detalhe: não tinha leito disponível na UTI neonatal. Foi preciso deslocar um bebê que estava em melhor estado de saúde, para ceder o leito a Arthur.
Depois de ficar 1 mês internado, neste domingo, 30 de julho, Arthur morreu.
Enquanto o filho estava internado, a mãe declarou que o que mais queria era tocar e carregar o Arthur.
Ela apenas conseguiu carregá-lo no caixão.
E sabe porque tô relembrando esta história hoje?
Esta tragédia, aquelas outras também e as que ainda irão ocorrer são causadas pelo congresso, pelos governos, pelos políticos, pela corrupção.
Sim, a violência vem daí. Gera uma sociedade desigual e violenta.
Vem do desvio da verba para educação, saúde e segurança.
Temer distribuiu R$ 15,3 bilhões em pacote de bondades a deputados para ser salvo de uma investigação.
Não nós esquecemos também do mensalão do PT, do PSDB, de outros vários partidos.
"Pela estabilidade econômica, eu voto sim para arquivar a investigação do Temer", afirmaram os nossos representantes.
Para pedir o impeachment da Presidente Dilma a desculpa foi "em nome da minha família, de Deus e do Brasil, eu voto sim".
Pela estabilidade econômica deles, para a família deles e para qual Deus, aí eu não sei.
Enquanto isso, eu e você nos dividimos entre coxinhas e petralhas.
O nosso voto mata. A panela não bate mais. O silêncio reina.
Me perdoe, Arthur!

























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