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Júlia, a minha copa do mundo


A Júlia fez aniversário. Na hora de preparar uma mensagem a parabenizando, me toquei que fazia 20 ANOS que a gente é amigo.

Foi em 1998, ano da Copa do Mundo, na França. Tafarel, Cafu, Dunga, Roberto Carlos, Denilson, Bebeto, Edmundo, entre outros, brilhavam numa seleção que levava nome de time e não apenas de um jogador (um abraço, menino Neymar).

Não lembro bem se a seleção brilhava nesta época pra falar a real procês, mas achava o técnico Zagallo um senhorzinho ranzinza, mas, ao mesmo tempo, carismático e eu colecionava aqueles mini craques da coca-cola, lembram?

Mas voltando a Júlia e a 1998. Foi nesse ano que mudei de escola pro 1º ano do ensino fundamental. Eu tinha 7 anos e lembro muito bem que um ano antes, eu senti minha a primeira dor de despedida.

Foi após a minha formatura de 3º período do jardim de infância. Cheguei em casa e chorei. Chorei porque sabia que estava saindo da escolinha e não veria mais os meus amigos. Eu chorava e não sabia muito bem o que era aquele sentimento de despedida e nem explicar o que era amizade. Mas por dentro, na inocência de uma criança de 6 anos eu já sentia tudo isso.

Mas foco, voltando a Júlia e ao ano de 1998. No primeiro dia de aula na nova escola, sentei ao lado dela. A Júlia. Lembro detalhes da sala e da nossa cadeira, que era próxima a porta e na primeira fila.

Logo no início da aula, a professora Janine (lembro de vc, profs, e do seu marido que sempre te buscava num fusquinha) pediu pra gente pegar o nosso estojo. Abri a minha mochila e não encontrei o meu estojo. A Júlia, que não me conhecia e a gente não tinha trocado nenhuma palavra, percebeu minha aflição e ofereceu ajuda.

Um amigo meu conta que quando alguém conquista minha amizade, ganha um filho pra criar. Pareço indefeso, mas ao mesmo tempo teimoso. Carente, mas ao mesmo tempo desapegado. Digo isso pra chegar no que de fato meus amigos falam, mas de uma forma mais fofa & romântica: sou mimado e vivo no mundo da lua.

A Júlia por sinal, uma vez, no meu aniversário de 18 anos, me deu parte do diário dela de infância de presente, em que ela me xingava de mimado e dependente. Parece ate ironia vc querer que alguém de 10 anos de idade seja independente, mas tudo bem, perdoei o xingamento.

Mas voltando a Júlia e ao ano de 1998. Ela me ajudou a procurar o estojo. Lembro da cena, mas minha memória deletou se nós achamos, o que aposto que sim pq sou péssimo pra procurar as coisas e preciso sempre socorrer a São Lonquinho.

A partir desse dia, nunca nos separamos. Foram 8 anos estudando juntos, com raras brigas, muita história boa, inclusive com o nosso primeiro beijo. Fofos, né?

A gente se separou no início do ensino médio. Nessa fase, sempre é complicada pq todo mundo se descobre de uma outra maneira, muda a personalidade de acordo com a gang que faz parte e faz novos amigos.

A Júlia começou a jogar volei e investir neste esporte, até fez parte de um time forte de Minas Gerais. E eu descobri os prazeres da vodka com fanta laranja ou sprite, e tomava porres de iniciantes.

Mas mesmo assim com escolas diferentes e novas amizades, Júlia permaneceu na minha vida. Quando meu pai foi internado, ela foi a primeira pessoa que me ligou. Depois, me mandava sms perguntando se tava tudo bem. Quando meu pai saiu do hospital, ela foi a primeira pessoa que me chamou pra dar um passeio na praça pra distrair.

Depois, veio a universidade e se passaram mais alguns anos em nossas vidas. Eu, em Ouro Preto. A Júlia, em Viçosa. Mas a amizade continuou. Fui a formatura da gradução dela e ela na minha.

E a amizade sempre presente.

Entao, esse textão é pra falar que todo mundo deve ter uma amiga Julia. Ou quer retornar contato com aquele migs de infância. Aproveite essa modernidade, vai lá, manda uma mensagem, comenta numa foto, envia um olá.

O que eu posso concluir até agora da vida é que eu viveria de boa sem diversos relacionamentos & paqueras, mas sem as amizades que eu tenho, a vida não iria valer a pena real. Acredito que um grande amor pode acabar. A amizade não, é algo eterno quando é de verdade.

Então, um brinde pra Julia, a todos os meus amigos e principalmente a amizade, esse amor que a gente coloca na segunda divisão que é tão valiosa.

Em 1998, o Brasil perdeu a copa e eu ganhei uma amizade pra vida inteira.

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