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O Político Que Não Deve Ser Nomeado


Tô no meu inferno astral.

Não sei se isso existe ou é mais uma daquelas mentiras que pegamos e transformamos em verdade, tipo que o Brasil iria ser hexa. Desculpa citar a copa, talvez seja meu ranço por não termos ganhado a taça, o Neymar ter encenado demais no campo e os dias de folga perdidos após a desclassificação da seleção. Mas o futebol não é culpado pelo meu inferno astral. É aproximação do meu aniversário. Não sei explicar astrologicamente como funciona isso (e nem se essa palavra existe), me falaram uma vez e eu acreditei, tipo ETs de varginha, saca? Creio real.

Eu tava tendo um dia de merda, inferno astral rolando, mandei um áudio em um grupo de amigos lamentando a vida, até que uma amiga mandou a seguinte mensagem:

“Eu também tô super mal. O Bê, meu estagiário, vai sair. Mas não porque ele quer, é porque ele não tem grana pra pagar a faculdade. Aí vai ter que sair do curso e do estágio. Tudo pq o pai dele descobriu que ele é gay e parou de ajudar a pagar a faculdade. Nossa, tô acabada com isso. Se ele tivesse saindo pq quer ou por outro estágio eu estaria feliz por ele. Mas tá saindo pq vai ter que parar de estudar. Que mundo injusto”.

E a partir daquele momento, a minha reclamação virou uma gota e mandei meu inferno astral pra puta que pariu.

Que mundo injusto, como minha amiga disse.

E não pude não me lembrar de um candidato a presidência aí, que é favor da ditadura, entre outros absurdos, e é muito mais conhecido por suas polêmicas e participações nos programas da RedeTV! do que de fato fez na política. Talvez porque não tenha feito nada mesmo.

Esse tal candidato não vai ser citado o nome dele aqui, tipo Lord Voldemort, principal vilão do Harry Potter, sabe? Ele é tão temido pelo bruxos que é referido como "Aquele Que Não Deve Ser Nomeado".

E esse político Que Não Deve Ser Nomeado tá bem nas pesquisas e eu tô com muito medo.

Porque esse político Que Não Deve Ser Nomeado não tem nada a ver de ser esquerda ou direita. O que preocupa não são as posições políticas dele, são as suas posições pessoais.

É um candidato que já disse que se visse dois homens se beijando na rua, iria partir para violência.

É um candidato que em um debate na TV Câmara, em 2010, sugeriu que a melhor forma de corrigir a homossexualidade seria através da agressão. “O filho começa a ficar assim, meio gayzinho, leva um couro e muda o comportamento dele. Olha, eu vejo muita gente por aí dizendo: ainda bem que eu levei umas palmadas, meu pai me ensinou a ser homem. A gente precisa agir”, afirmou ele.

Não faço ideia em quem irei votar ainda, de verdade. Sei que tentarei encontrar perfis de candidatos que vieram da periferia, negros e mulheres (e sempre procuro também alguém ligado a causa animal).

Mas eu já sei em quem eu não vou votar pra presidência, já sei para quem, se for preciso, farei campanha contra.

Porque votar neste político Que Não Deve Ser Nomeado NÃO TEM NADA A VER DE SER OPOSIÇÃO AO UM GOVERNO E MUITO MENOS CONTRA A POLÍTICA ATUAL BRASILEIRA.

Apoiar este político Que Não Deve Ser Nomeado é ser oposição a minha própria existência, é concordar com a atitude do pai do Bê, personagem real desse textão, que renega a própria existência do filho por causa da orientação sexual.

Quando parcela da população declara voto a este político Que Não Deve Ser Nomeado, minha esperança por um mundo melhor diminui.

Então, ao votar vamos pensar no quanto nosso voto pode afetar o outro.

O tanto que pode ser perigoso eleger um candidato homofóbico, machista e racista. O tanto que o nosso silêncio pode dar mais amplitude às vozes ignorantes.

Vamos refletir?

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