Eu te desprezo
Desprezo é uma palavra foda. Não foda no sentido fantástico. Foda no adjetivo ruim mesmo.
Desprezo, além de todos os significados péssimos que a palavra carrega, me lembra algo sem explicação, sem resposta, sem ponto final. Apenas reticências.
E reticências é algo que me irrita. Reticências são aquelas relações que não tiveram um ponto final, uma conversa franca e sincera. A reticência é algo que sempre retorna, te perturba e te descontrola para colocar um ponto final e, às vezes, uma interrogação.
Se não são os pensamentos que te tragam na memória essas relações de reticências, são as redes sociais, uma música ou um lugar.
E foi fuçando o seu Instagram que eu pensei nas nossas reticências. No seu vácuo. No seu silêncio. No seu sumiço. Nos nossos encontros. Nos nossos beijos. E do seu silêncio, novamente. E no fim das reticências entre nós... Que ainda me faz perguntar onde que nos perdemos. Talvez nunca nos encontramos de fato. Foi história da minha cabeça. Trouxa. Quem nunca?
Talvez você poderia ter sido mais sincero e franco. Talvez eu poderia ser mais sincero e franco com os outros. Mas você fugiu, Eu fugi, Todo mundo foge.
Passam filhos da puta nas nossas vidas, e ás vezes, nós somos os filhos da puta na vida de alguém.
E eu tô usando muito a expressão "às vezes" neste textão
Às vezes, mentimos por falta de caráter. Outras vezes, mentimos com medo de não magoar. E outras vezes, mentimos por não saber o que quereremos
Entendo, Não julgo.
É foda ser 100% verdadeiro e sentimental o tempo todo. Temos que estar bonitos no Instagram, engraçados no Twitter, ser politizados no Facebook e disponível forever pelo WhatsApp.
E ainda na vida real temos que ser francos em tempo integral, ter resposta para tudo e saber o que queremos.
Mas a vida real não te dá resposta automática, o like não te atinge, o filtro da foto não permanece e a frase bondosa no Facebook não é colocada em prática.
Você não foi perfeito comigo, Eu não fui perfeito com os outros, Os outros não foram perfeitos com meus amigos e amigas.
Mas a vida segue, Com filhos da puta; Com nossos erros e acertos, Com o seu silêncio E com o seu desprezo. Segue!
