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Gisele e a fake news

  • Ramon Cotta
  • 16 de out. de 2018
  • 2 min de leitura

A livraria cultura do conjunto nacional, ali na paulista, é um dos meus lugares favoritos.

Imagina um lugar de três andares repletos de livros, revistas, pessoas e silêncio.

Recentemente, fui lá e me deparei com uma surpresa. O espaço reservado para revistas foi desativado.

Questionei o vendedor e ele me disse:

- Não tem mais revista. Não mandam mais publicações suficientes para gente vender.

Completei com um “que triste, moço” e o cara concordou comigo.

Revistas canceladas, jornalistas demitidos e editoras falindo.

Talvez as fakes news compartilhadas pelo WhatsApp ganharam o espaço. A mídia tradicional pelo seu partidarismo perdeu credibilidade.

Falando nisso, vocês já decidiram se a Globo é comunista ou anti-PT?

Um dia antes de ir à livraria cultura, eu estava lendo uma edição da revista Trip. Uma das matérias era sobre os ambulantes nos metros e trens de SP.

No maior estilo propaganda do Globo Repórter, as repórteres gênias foram atrás pra descobrir quem são essas pessoas, onde vivem, o que comem, o seu passado e presente.

Uma das personagens foi a vendedora Gisele, 34 anos, mãe de 6 filhos, que começou a trabalhar aos 14 anos e tira 80 contos por dia.

Gisele, por sinal, eu já a vi em uma estação de trem e sua expressão me chamou atenção. Agora, graças a revista, descobri mais coisas dela.

Gisele também trabalha como doméstica, já teve todos seus produtos apreendidos pela PM, teve que pedir dinheiro na rua e disse que foi uma humilhação e em suas gestações trabalhou até o último segundo da gravidez.

Gisele revelou que não precisa ter muito marketing pro negócio, “é só falar que tudo custa 1 real, que o pessoal compra”, confessou.

Em 8 páginas, eu aprendi sobre a vida de Gisele, Bruno, Anderson, Luís, Gefson, Rebeca, Ana e Robson.

Personagens que indiretamente fazem parte da minha realidade e vivem comigo no meu Brasil.

Em alguns minutos, minha atenção estava para conhecer a história de outros, contada por outros, que de alguma forma me transforma.

Mas a livraria cultura fechou a seção de revistas; As publicações brasileiras estão acabando; O WhatsApp virou o maior meio de informação; A gente não consegue mais debater sobre política; As fakes news vão eleger presidente; O kit gay nunca existiu;

E eu só gostaria de saber:

Gisele, qual Brasil que vc quer pro futuro?

 
 
 

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Calma, eu me perdi aqui © 2016 por Ramon Cotta 

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