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Gay Power #EleNÃO


Gay. Como foi difícil escrever esta palavra na carta. Três letrinhas, um peso imenso, vários preconceitos e novos olhares sobre você. Gay. O medo de ser rejeitado, de perder quem você ama, de ser julgado. Gay. A coragem, a consciência limpa que não é pecado, não é errado, é de Deus. Gay. A revelação, o apoio dos amigos, os abraços, o “eu tô contigo”. E é esse “eu tô contigo” que faz a grande diferença na linha tênue da homofobia. É o eu te aceito, quero saber dos seus amores, o traga o seu namorado na festa da minha família, o ande de mão dada com o amor da sua vida ao meu lado, seja você e eu tô por você. O que mais tem aí é o “eu te amo, mas...” E o “eu te amo, mas...”não é amor. Gay. A carta para família. A naturalidade da sua mãe, o choro do seu pai e a declaração de admiração ao seu caráter. Gay. “DA MESMA MANEIRA QUE EU ACHO QUE O SEU PAI NÃO MERECE UM FILHO PRESO, NÃO MERECE UM FILHO GAY”. A FALA QUE EU OUVI.

Ali, percebi que a caminhada não seria fácil. Uma luta que eu estaria disposto a viver, a lutar.

Um armário ou uma vida?

Um brinde ao meu amigo que se assumiu e fez a sua família católica abraçar a causa da diversidade.

Um brinde a amiga que, no dia da eleição do primeiro turno, saiu do armário para os pais.

Um brinde a galera que mostra diariamente o amor verdadeiro, a aceitação e as mãos juntas.

Um brinde aos Antipetistas que não irão votar no fascista porque sabem que vidas importam mais do que partido.

Se eu fosse filho do candidato 17 que o Brasil irá eleger, eu teria levado porrada, ele preferiria me ver morto.

Mas para muita gente isso não é homofobia. É opinião. Não tem que ter peso para essa eleição.

Para muita gente não foi preciso assumir algo tão natural que é a sua sexualidade. Para muita gente é seguro andar de mãos dadas, nas ruas, com quem se ama sem ter medo de apanhar ou ser julgado. Para muita gente a sua demonstração de amor não é ofensa. Para muita gente sua sexualidade não é aberração. Para muita gente é normal se sentir representado na televisão e no cinema. Para muita gente é raro ouvir “seja menos você”, “seja mais discreto”, “não beije em público”. Para muita gente esta eleição não significa pavor e perda de direitos. Para muita gente falar dos seus amores é comum e pode ser falado em qualquer lugar. Para muita gente não ser homofóbico é dar oi ao maquiador gay, abraçar o primo viado e postar foto ao lado do amigo gay.

“Bolsonaro homofóbico? Então, explica essa foto dele ao lado de um homossexual, seu comunista”.

A homofobia dói. Para falar, para explicar, para sentir.

Aos 15 anos, tive a minha primeira paixão. Enquanto, todos os meus amigos compartilhavam suas relações, os seus segredos, os sentimentos puros, eu não podia compartilhar quem eu era, o que eu sentia.

Por medo, pelo preconceito, Eu não podia ser quem sou eu.

Já imaginou não poder falar quem você ama? Já imaginou se sentir um pecador por amar? Já imaginou você ter que provar diariamente que você é mais do que a sua sexualidade? Já imaginou sentir medo por ser apenas quem você é? Já imaginou se fosse com você?

Então, não desmereça a sua homofobia, nem a do seu candidato. Não me peça para entender o seu voto. Não venha questionar o meu voto, nem dos meus pais e amigos.

Eu não sei mais como fazer você se importar e mostrar:

Ô, o seu voto é uma ofensa à minha existência. Ô, o seu voto é carregado de ódio.

Desisto de vocês. Porém, resisto. Resistirei. E tô mais forte para lutar.

Gay. Três letrinhas e um peso grande de orgulho.

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