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Minhas famílias

  • Ramon Cotta
  • 13 de mai. de 2019
  • 3 min de leitura

Ensino médio é uma época que muita gente faz questão de apagar da memória, mas simplesmente, eu tenho as melhores lembranças. Estudei com turmas que não faziam tanto bullying (ou eu não percebia), que ainda são meus amigos e tive professores incríveis. Não todos, admito. Tem uma professora de matemática que eu tenho trauma. Vivo tendo pesadelos que eu tive que voltar a estudar exatas e é sempre muito assustador. Freud explica isso? Talvez eu ache a resposta no dicionário dos sonhos.

Muita gente fala que o ensino médio é o momento ideal para fazer cagadas e cometer erros para aprender. Porém, depois de adulto, vejo que nós continuamos os mesmos. Continuo exagerando na vodka, me apaixonando por pessoas erradas, imaturidade emocional alucicrazy bem presente, amando séries teens, vestindo camisetas da Disney e calçando all star, com a única diferença que eu tenho contas pra pagar. Não era independência que vc queria, meu jovem? Toma, babaca, independência com boletos e dores no corpo.

Ano passado, minha turma do terceirão decidiu promover um reencontro. Rever a galera da escola pode causar pavor em muita gente, mas pra mim foi uma animação incrível. Porque eu estudei com gente incrível! Porque meu ensino médio foi incrível! Porque eu tenho que ser muito grato pelas pessoas incríveis que passaram na minha vida e sei que muita gente não tem essa sorte quando se é gay ou foge de algum padrão que a sociedade impõe como certo e normal.

Dias antes da festa, conversei com minha amiga sobre o assunto e perguntei: o que você falaria hoje pra você na adolescência? A resposta dela foi:

- Eu cuidaria mais na minha saúde mental. Talvez se eu tivesse ajuda de um profissional na época eu levaria tudo diferente. Hoje, se discute mais aceitação do corpo, de você se amar e se aceitar. Se na minha época isso fosse mais discutido eu seria uma adolescente muito mais feliz.

E eu fiquei pensando nas coisas que eu, hoje, diria para mim na época do ensino médio. Talvez essas seriam algumas:

Saia do armário mais cedo;

Erre mais;

Seus pais são incríveis;

Seu irmão é seu grande amigo e uma pessoa fantástica;

Cuide da sua saúde mental;

Cuide da sua alimentação;

Faça uma poupança;

Não tenho medo;

Se jogue mais;

Estude mais a disciplina de História;

Seus amigos são incríveis.

E, mais uma vez, eu repito que eu tinha a grande sorte de ter muitos anjos ao meu lado que me abraçaram, me acolheram, me protegeram, me defenderam e que seguraram a minha mão muito forte.

O amor pode ser encontrado em desconhecidos que te aceitam e te amam mais do que qualquer familiar.

Uma vez li em um livro do João Ubaldo Ribeiro que a personagem falava que a única saudade que tinha da vida era o auge da juventude, que ela queria ser jovem trazendo na cabeça tudo aquilo que aprendeu. Mas, depois de pensar, se ela fosse uma jovem carregando todas as experiências e lições vividas, ela seria a maior ditadora do mundo e isso não seria tão legal. Então, o mais importante é ter por perto as pessoas certas. E um outro conselho que eu me daria é valorizar - e muito - as boas amizades.

Às vezes, a gente se joga na vida nem é por causa de coragem. Com medo, a gente vai, porque no fundo nós sabemos que temos pessoas incríveis ao nosso lado.

Saber que tenho tanta gente incrível por perto, me faz continuar. E eu continuo, às vezes bastante corajoso e outras bem medroso, porém sempre grato por ter as melhores pessoas comigo.


 
 
 

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Calma, eu me perdi aqui © 2016 por Ramon Cotta 

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